segunda-feira, 27 de abril de 2009

MEU MUNDO


Escrevo mil versos num grão de areia
Fico horas e horas de costas para o mar
Ando em círculos na lua cheia
Conto as estrelas que irão se apagar

Movo muralhas, uno meus pedaços
Jogo fora a vida que nunca quis
Esqueço o fiz, apagando os fracassos
Invento meu mundo e vivo feliz.

Pinto o meu mundo com a cor da mentira
E com a mesma tinta, rabisco no céu azul
Faço um maremoto num cálice de vinho
E sigo sozinho, sem norte e sem sul

Toda vez que penso em você,
Estou ferindo meu espírito
Fecho os olhos ao alvorecer
E esqueço brevemente que existo

Vejo a felicidade despedaçada no chão
Arranco o meu mal, mas não pela raiz
Este poderia ser chamado de solidão

Invento meu mundo e vivo feliz.

(I. Martins)

quinta-feira, 23 de abril de 2009

MOSAICO DE MIM

“Pedaços espalhados, partículas de ilusão
Cacos de uma história, partes sem sentido
Reunidas, dispostas, estrategicamente posicionadas
Tentativas inúteis de lógica quaternária
Olho de perto, vejo apenas lágrimas e angústias
Sorrisos e arranhões, mãos estendidas, carinho e dor.
Um pouco de luz, algo de fantasia, muita vontade de ser feliz
Em uma mistura surrealista, mágica, absurdamente aleatória
Busca incessante de felicidade equinócia
Me afasto e observo a grande composição multicor
Nos longos rios castanhos, os rastros da experiência...
Linhas claras de vida, e no olhar, o brilho da estrela(...)”

sexta-feira, 17 de abril de 2009

APARÊNCIA



Queria ter a força que, às vezes, alguém poderia supor que eu tivesse.
Queria ter a alegria que finjo demonstrar quando estou distraído.
Queria ter a sensatez e o ânimo que às vezes transmito, através de palavras que no fim nem convencem a mim mesmo.

Talvez quisera ter minha vida de volta.
Ou talvez quisera ter uma nova vida...

Talvez quisera ter uma vida de verdade.

(I. Martins)

quarta-feira, 15 de abril de 2009

LEITO DE MORTE


DORMIR: Ensaiar para a morte.

ACORDAR: Adiar a morte.


(I. Martins)

quarta-feira, 8 de abril de 2009

TANTO FAZ


DIAS DE APATIA... HÁ MUITO TEMPO, ESTAVA DESEJANDO ISSO
EM MINHAS ABENÇOADAS CÁPSULAS INDUTORAS DA FUGA,
ATRAVÉS DO ENSAIO DIÁRIO PRA MORTE.

HOJE APENAS SOBREVIVO... MAS JÁ ESTIVE BEM PIOR.
JÁ NÃO ESPERO MAIS O AMANHÃ, PORQUE SEI QUE ELE NÃO VEM.
E SE VIER, NÃO SERÁ BEM-VINDO.
MAS SINTO QUE NÃO FAZ MAIS SENTIDO FICAR SENTINDO...
ASSIM COMO NÃO FAZ SENTIDO CONTINUAR ESCREVENDO.

(I. Martins)

domingo, 5 de abril de 2009

INÚTIL MENTE


ISSO NÃO DEVERIA ESTAR ACONTECENDO...
MINHA MENTE ÀS VEZES EXPELE QUALQUER IDÉIA DE QUE ISSO TUDO É REAL.
SINTO QUE NASCI NO LUGAR ERRADO... NUM TEMPO ERRADO.
NÃO CONSIGO PROGREDIR PORQUE CONTINUO OLHANDO PARA TRÁS...
E MEUS PENSAMENTOS CORROSIVOS VÊM CABALEANDO EM MINHA CABEÇA
E TUDO AO MEU REDOR NÃO PASSA DE RUÍNAS...

EU PODERIA TER SIDO UM GRANDE ARTISTA (NUMA REALIDADE ALTERNATIVA)... OU SIMPLESMENTE UM BOM PAI DE FAMÍLIA... ESTRESSADO, MAS TALVEZ, FELIZ.

MAS NESSE MOMENTO, SINTO QUE MINHA VIDA SE EVAPOROU.

E SÓ ME RESTA O QUE É INÚTIL:
POESIAS E TEXTOS ESQUECIDOS EM PÁGINAS AMARELADAS PELO TEMPO;
DESENHOS E ARTESANATO QUE AOS POUCOS SE TORNAM LIXO;
IDÉIAS E PLANOS QUE SE PERDEM, SIMPLESMENTE POR NÃO SE REALIZAREM... TALVEZ POR INCAPACIDADE... TALVEZ POR DESÂNIMO... TALVEZ PORQUE AGORA NADA MAIS FAZ SENTIDO...
E O MAIS INÚTIL DE TUDO: UM CORAÇÃO DILACERADO... MAS QUE INSISTE EM BATER...

(I. Martins)

quarta-feira, 1 de abril de 2009

ADEUS, MEUS SONHOS!


Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro!
Não levo da existência uma saudade!
E tanta vida que meu peito enchia
Morreu na minha triste mocidade!

Misérrimo! votei meus pobres
À sina doida de um amor sem fruto...
E minh’alma na treva agora dorme
Como um olhar que a morte envolve em luto.

Que me resta, meu Deus?!... morra comigo
A estrela de meus cândidos amores,
Já que não levo no meu peito morto
Um punhado sequer de murchas flores!

(Álvares de Azevedo)