quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

DIA CINZENTO

Fecho-me no preto esmaltado do meu lado mais depressivo, nesse dia cinzento. Sinto-me inverno cerrado, tempestade de neve em noite de nevoeiro e toda a luz que vejo não é mais do que a das minhas dúvidas a iluminarem-me a mente de questões às quais tenho receio de responder.
Deprimo, porque nada é como devia ser, porque nunca se consegue fazer entender aquilo que se pensa, porque nunca se entende a mensagem que outrém quer fazer passar. Sinto meus sentidos adormecidos, e enquanto procuro desesperadamente por eles, o meu desespero junta-se à exaltação que surgira nesta noite chuvosa e sombria.
Procuro ainda quem sou, mas sei por onde procurar. Sei que não procuro em vão, porque sei que a cada dia, terei uma nova resposta que transcende a anterior mas que se coloca numa amplitude ainda maior para o dia que se segue, e neste princípio, percebo que a minha busca só terá fim no dia da minha morte. E hoje aprendi muitas coisas a este respeito: é bom que existam sempre dúvidas! Elas fazem-nos sentir que ainda há algo a descobrir, e tudo deve constantemente ser posto em causa, ajuda a exercitar a mente e o espírito, ajuda-nos a obter mais dúvidas, que por sua vez nos ajuda a caminhar!

No dia em que olhar para dentro e não tiver mais dúvidas, nesse dia, morri! E é assim que me despeço hoje, de preto esmaltado em dia de cinzento abstracto.