sexta-feira, 17 de outubro de 2008

LABIRINTO DA MENTE

Mais um dia... menos um dia... Nunca morri antes como hoje. Sinto a vida cada vez mais escassa. Não sei até quando vou manter minha sanidade e as minhas forças pra continuar...
Hoje, mais uma vez visitei a sala escura sem janela no centro do labirinto da minha mente. Meus pensamentos estão me corroendo lentamente. Sinceramente, não sei se irei continuar por muito tempo.

(I. Martins)

HOTEL FRATERNITÉ


Aquele que não tem com o que comprar uma ilha
Aquele que espera a rainha de sabá na frente de um cinema
Aquele que rasga de raiva e desespero sua última camisa
Aquele que esconde um dobrão de ouro no sapato furado
Aquele que olha nos olhos duros do chantagista
Aquele que range os dentes nos carrocéis
Aquele que derrama vinho rubro na cama sórdida
Aquele que toca fogo em cartas e fotografias
Aquele que vive sentado nas docas debaixo das gaivotas
Aquele que alimenta os esquilos
Aquele que não tem um centavo
Aquele que observa
Aquele que dá socos na parede
Aquele que grita
Aquele que bebe
Aquele que não faz nada

Meu inimigo
Debruçado sobre o balcão
Na cama em cima do armário
No chão por toda parte
Agachado
Olhos fixos em mim
Meu irmão.

(Arnaldo Antunes / Aldo Fortes / Hans Magnus Enzensberger)