sábado, 6 de dezembro de 2008

PEDAÇOS DE MIM NO CHÃO


No espaço onde eu habitava, não me encontro mais.
No mesmo lugar, está um velho par de sapatos;
Roupas num canto, outras na parede penduradas...
Na solidão, conversam entre si, em diálogos silenciosos;
Perguntam por mim.
Mas não estou.
Há tempos não me vêem, há tempos não saem;
Há tempos não me vestem; há tempos não me calçam os pés.
E não sabem onde estou.
É que sou feito do mesmo tecido que são feito os sonhos,
E como não mais tenho sonhos, tampouco tenho vida;
Tampouco existo.
Mas o que ainda há, são vestígios de mim.
Entre a poeira e o mofo, o silêncio e a solidão,
Pedaços de mim no chão.

(Roger Silva)

TENTANDO ENTENDER


Eu tento entender
O vazio dos dias,
A falta do dispensável,
A espera interminável
Por uma mudança ilusória.

Eu procuro encontrar
Uma palavra que possa compensar
Um cansaço do mal necessário,
Um alívio para a dor
Quase sempre desejada inconscientemente
Que nos enterra dia após dia.

Eu tento entender
O que eu não queria presenciar
Eu tento entender
Este lugar, onde eu não queria estar.

(I. Martins)