domingo, 28 de dezembro de 2008

"RE-CITANDO"

Uma pessoa muito especial fez essa poesia pra mim, durante uma fase difícil que passei. Colocaram numa comunidade (extinta) do orkut de poesias que eu tinha.
"Re-citando" retrata um desejo de ver alguém se erguer, após uma queda profunda e longa, à qual muitos de nós infelizmente somos submetidos. Estou tentando renascer... ressurgir... reagir...


"Renasça... Ressurja...
Reaja... Reanime-se...

Retorne... Refaça...
Reconstrua... Releve...

Relaxe... Reorganize-se...
Reestabeleça-se... Realize-se...

Relacione-se...
Renove...
Reflita...
Reluza...

Renasça!"



(Thalia Britto)

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

CALENDÁRIO


É primeiro de janeiro...
Que ressaca... que situação!
“Ano novo, vida nova!”
Um pouco de hipocrisia se não houver ação.

Quando menos se espera, chega o carnaval
Onde a vaidade é o atrativo do verão
Imbecis bebem e vão às estradas
E o caos substitui a diversão.

Logo após, chega a semana-santa
Resumida em chocolate e feriadão
O povo enche a cara de vinho
Hipócritas que ainda dizem ser cristãos.

Depois vêm as festas juninas
Fogueiras e bandeirinhas de São João
Fogos, bagunça, forró em toda esquina
Bebida, violência e confusão.

Os meses lentamente vão passando
O povo cada vez na lama e não se vê solução
Os idosos para o governo, não existem
E a juventude em massa vive em depressão

“Chegou a hora de mudar o país”
Assim falam os parasitas em eleição.
E o país aos poucos se afundando
Tanto por inconsciência do povo, como por falta de opção.

Chegam enfim, as festas natalinas
Ceia, árvore de natal, “confraternização”
Tudo não passa de uma insignificante troca de presentes
E falsos abraços e apertos de mão.

É deprimente quando chega o fim do ano
Quando todos fazem planos pra melhorar o seu padrão
Mas logo as promessas se desfazem no vento
E os sonhos nunca se realizarão.

Estamos em mais um fim de ano, começo de século
E persistem a monotonia e a solidão
Dia após dia, a morte está mais viva
Enquanto o tempo nos corre pelas mãos.

A fome está na mesa, a saúde está doente
É ignorante a nossa educação
E o mundo vai girando
Sem nenhuma direção.


(Ícaro Martins)

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

PEQUENAS PORÇÕES DE ILUSÃO


PEQUENAS PORÇÕES DE FALSA ALEGRIA
DOSES ÚNICAS DE ILUSÃO
ALÍVIO INSTANTÂNEO PARA UMA DOR INFINITA
CÁPSULAS ADIADORAS DE DESESPERO

ESTADO DORMENTE E CONFUSO
QUE INDUZ À LOUCURA
SONHO UTÓPICO DE LIBERDADE
DESSA PRISÃO SEM GRADES EM QUE ME ENCONTRO

PEQUENAS PORÇÕES DE APATIA
ESQUECIMENTO TEMPORÁRIO DE MOMENTOS INESQUECÍVEIS
DE DOR, DESESPERO E CONDENAÇÃO
BORRACHA QUE APAGA O QUE IRÁ SEMPRE SE REESCREVER.

(I. Martins)

sábado, 13 de dezembro de 2008

Passaram-se décadas em mim, em poucas horas
Para aprender a morrer sozinho
Nesse enorme mundo cheio de coisas vazias...

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

MEU SONHO


Meu sonho

EU

Cavaleiro das armas escuras,
Onde vais pelas trevas impuras
Com a espada sanguenta na mão?
Porque brilham teus olhos ardentes
E gemidos nos lábios frementes
Vertem fogo do teu coração?

Cavaleiro, quem és? o remorso?
Do corcel te debruças no dorso....
E galopas do vale através...
Oh! da estrada acordando as poeiras
Não escutas gritar as caveiras
E morder-te o fantasma nos pés?

Onde vais pelas trevas impuras,
Cavaleiro das armas escuras,
Macilento qual morto na tumba?
Tu escutas.... Na longa montanha
Um tropel teu galope acompanha?
E um clamor de vingança retumba?

Cavaleiro, quem és? — que mistério,
Quem te força da morte no império
Pela noite assombrada a vagar?
.
O FANTASMA
.
Sou o sonho de tua esperança,
Tua febre que nunca descansa,
O delírio que te há de matar!...

(Álvares de Azevedo)

domingo, 7 de dezembro de 2008

EM TUDO UM FIM

Promessas se desfazem.
Palavras se perdem.
Tempo se esvai
Feridas não se curam.
Máscaras caem.
Esperanças morrem.
Corações se partem.
Sonhos se destróem.
Muros se erguem.
Pontes se rompem
Luzes se apagam
E todos se vão.

(I. Martins)

sábado, 6 de dezembro de 2008

PEDAÇOS DE MIM NO CHÃO


No espaço onde eu habitava, não me encontro mais.
No mesmo lugar, está um velho par de sapatos;
Roupas num canto, outras na parede penduradas...
Na solidão, conversam entre si, em diálogos silenciosos;
Perguntam por mim.
Mas não estou.
Há tempos não me vêem, há tempos não saem;
Há tempos não me vestem; há tempos não me calçam os pés.
E não sabem onde estou.
É que sou feito do mesmo tecido que são feito os sonhos,
E como não mais tenho sonhos, tampouco tenho vida;
Tampouco existo.
Mas o que ainda há, são vestígios de mim.
Entre a poeira e o mofo, o silêncio e a solidão,
Pedaços de mim no chão.

(Roger Silva)

TENTANDO ENTENDER


Eu tento entender
O vazio dos dias,
A falta do dispensável,
A espera interminável
Por uma mudança ilusória.

Eu procuro encontrar
Uma palavra que possa compensar
Um cansaço do mal necessário,
Um alívio para a dor
Quase sempre desejada inconscientemente
Que nos enterra dia após dia.

Eu tento entender
O que eu não queria presenciar
Eu tento entender
Este lugar, onde eu não queria estar.

(I. Martins)

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

ANSIEDADE (FIM INTERMINÁVEL)

Eu quase morri de tédio e de ansiedade. Ultimamente, venho sentindo uma dor insuportável no peito. Acho que vou ter um enfarte a qualquer momento. E o pior é que me recuso a procurar um médico porque não sinto mais vontade de continuar essa vida vazia e triste que levo.
A solidão que sinto é maior do que essa cidade. O meu olhar é triste e só guarda lagrimas e saudade.
Ainda estou sóbrio mais não controlo minha ansiedade. Talvez seja hora de navegar outros mares. Eu vou me isolar do mundo mais uma vez. Eu vou me trancar no quarto outra vez. Eu vou refletir sobre minha vida.
O céu se quebrou sobre nossas cabeças. O que pensar de tudo agora?
Encontro-me num beco escuro e sem saida.
Talvez nem o tempo possa curar essa ferida. Talvez seja o fim de uma miragem. Talvez meus dias estejam chegando ao fim... tem sido um fim interminável...

(C. Brasil/I. Martins)

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

DIA CINZENTO

Fecho-me no preto esmaltado do meu lado mais depressivo, nesse dia cinzento. Sinto-me inverno cerrado, tempestade de neve em noite de nevoeiro e toda a luz que vejo não é mais do que a das minhas dúvidas a iluminarem-me a mente de questões às quais tenho receio de responder.
Deprimo, porque nada é como devia ser, porque nunca se consegue fazer entender aquilo que se pensa, porque nunca se entende a mensagem que outrém quer fazer passar. Sinto meus sentidos adormecidos, e enquanto procuro desesperadamente por eles, o meu desespero junta-se à exaltação que surgira nesta noite chuvosa e sombria.
Procuro ainda quem sou, mas sei por onde procurar. Sei que não procuro em vão, porque sei que a cada dia, terei uma nova resposta que transcende a anterior mas que se coloca numa amplitude ainda maior para o dia que se segue, e neste princípio, percebo que a minha busca só terá fim no dia da minha morte. E hoje aprendi muitas coisas a este respeito: é bom que existam sempre dúvidas! Elas fazem-nos sentir que ainda há algo a descobrir, e tudo deve constantemente ser posto em causa, ajuda a exercitar a mente e o espírito, ajuda-nos a obter mais dúvidas, que por sua vez nos ajuda a caminhar!

No dia em que olhar para dentro e não tiver mais dúvidas, nesse dia, morri! E é assim que me despeço hoje, de preto esmaltado em dia de cinzento abstracto.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

ABISMO


Desde aquele momento,
Não consegui seguir...
Tentei...
Mas o máximo que consegui foi andar em círculos

Meu caminho foi vedado
E agora simplesmente o tempo tem destruído
Tudo que eu iria construir.
Meu pesadelo é real
E a realidade é absurda

Continuo caindo...

No abismo da mente.


(I. Martins)