sábado, 26 de setembro de 2009

INSÔNIA


Em uma mente insone pensamentos insanos
Sombras e sobras não estão mais ao alcance
E antes que no peito o coração descanse,
Colhem-se os frutos do desprezo desses últimos anos.

Lembranças vivas de sonhos mortos
Sem trégua, consomem o juízo,
Trazendo um desalento conciso
Tal qual a triste dança de anjos tortos.

Suores noturnos de ansiedade
Trafegam sobre o corpo trêmulo e ocioso
Constelações ocultam-se num céu nebuloso,
Ignorando uma insistente saudade.

Sem anjos, sem estrelas, sem norte e sem chão,
Num vazio interminável, a alma agoniza.
A dor no peito permanece e eterniza,
Diante dos fatos, assume-se a rendição.
.
(I. Martins)

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

ESTÁTUA DE SAL


Olhando para trás,
Vejo as ruínas crescendo ao meu redor.
O tempo não cura as feridas da alma.
Estou cada vez mais longe de mim...
E brevemente,
Não poderei mais me alcançar.


(I. Martins)

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

INFELIZ


Alma viúva das paixões da vida,
Tu que, na estrada da existência em fora,
Cantaste e riste, e na existência agora
Triste soluças a ilusão perdida;
Oh! tu, que na grinalda emurchecida
De teu passado de felicidade
Foste juntar os goivos da Saudade
Às flores da Esperança enlanguescida;
Se nada te aniquila o desalento
Que te invade, e pesar negro e profundo,
Esconde a Natureza o sofrimento,
E fica no teu ermo entristecida,
Alma arrancada do prazer do mundo,
Alma viúva das paixões da vida.
.
(Augusto dos Anjos)